domingo, 13 de abril de 2014

Por um silêncio que não quer calar

Eu fiz amor com Deus.
Sim, eu fiz.
Tudo bem: não fazia
a menor ideia do que
estava fazendo.

Quando ela me disse quem era
mal pude acreditar;
mas confesso que
fez todo sentido.
Talvez tenha sido
justamente naquele momento
que o encanto se quebrou;
me vi só, desamparado,
espelho de uma
ilusão mulher.
Loucura?
A verdade é que devia
ter ficado calado.
Infelizmente, não soube;
afinal, como caber sensatez
onde o coração parece saber
tão bem o que quer?
Falei, continuei falando:
boca, corpo, mente...
Ah! se ao menos naquele beijo
houvesse um pouco menos alma!
A calma saberia,
deixaria a cama em paz!
(shhh...)

Não importa. Fato é que agora,
me deparando com essa outra paz
fingida, tingida de palavras
que nada fazem a não ser
delatar a inquietude de um espírito
cafeinado, nado a esmo numa poesia
inacabada, oceano de ideias rasas,
incompletas e complexadas,
repletas de um solitário
sexo mental, infértil;
pura masturbação. Ou não:
quem sabe tudo isso seja apenas
nexo demais...