quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Por um instante, há penas

Por um instante e apenas
Deu vontade de mandar
O mundo inteiro
Se danar.

E botar minha boca no papel,
E matar a saudade do céu
Assim
Sem mais nem menos.

De uma hora para outra,
Tenho todo tempo do mundo
Para ser quem eu sou
Agora
E pronto.
Aliás,
Quanto tempo não temos
Enquanto tememos tanto
Não ter?

Até onde alcançar o meu abraço
Você pode crer:
Lhe ajudo a chegar lá.
Se tenho algo a dizer, digo
Faça dessas penas
Duas asas
Suas, alvas
e alvoradas.

E mude tão somente
Aquilo que puder mudar;
Muda
É que você não vai ficar!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Para quem tem sede

Curvas torrenciais
Silenciam rumores de cura;
Mas as estruturas da vida
Não cedem do verde,
Para quem tem sede.

Da hora

Não temos a medida do tempo,
Mas o tempo tem a nossa medida.
E quem foi que disse que a vida
Tem tempo a perder
com tanta ironia?

Vai ver é só deixar caber
Os ponteiros internos
No terno das horas...
Fazendo o que se tem amor,
Unindo o útil
ao ser agradável.

Estável? bem, só se for
Numa tranquilidade inefável!
Pois via de regra me rendo,
Me vendo aos caprichos
do insano de casa.

E sei que não sou exclusivo:
Cada um tem seu tanto
De santo e perdido;
E o canto cada vez mais amplo
Só não encanta
quem não dá ouvidos.

E passam-se as ondas sonoras...
E passa-me o trem das memórias.
É assim que preencho meu tempo:
Passando horas
me reescrevendo!

domingo, 6 de novembro de 2011

Prontidão

Estou pronto.
Estou pronto para te contar
O que não se conta,
O que sempre se faz
E quase sempre
faz-se de conta que não se fez.

Estou pronto para outra vez
Ser o seu freguês,
Empregado e patrão;
Estou pronto
Pro sim e pro não.

Estou pronto e disposto a plantar
Novas sementes
De prontificar
De árvores plenas
E aves que planam
Nos planos planaltos
Que nunca alcançamos
Mas hão de alcançar-nos
Num alçar de vôos

Da música
e seu contraponto:
- estamos prontos.

Aqui jazz

Peço divórcio ao ócio:
Caso comigo
outra vez.
Que descanse em paz
a viuvez de meus sonhos

Numa lua qualquer
que seja
De mel, de fel ou
de fé;
Não quero nem saber
se é ou não é
primavera!

A espera não pode alongar
A hora que agora já era
Na terra uma pá pra cavar
Tirando de lá
de baixo a coragem...

E aquela frase da lápide,
Apago e
pronto.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Inovacência

O único crime
Que realmente compensa
É o de burlar
A lei das impurezas
Para ser infância

Não se trata de voltar
Ao que era antes,
Tampouco negar
As rugas no semblante

É ter maturidade
Bastante na vivência
Pra colher uma
Novíssima inocência.

Belesma...

A beleza que se aprecia
Não é a mesma que se tem.

Talvez porque simplesmente
Não tenha preço:
O apreço não aceita
Moeda de troca.
Ou então vai ver
Desde o começo
Ter, é trair a memória.

Vitória para quem
Não retém-na
E também não se esquece
(Ah, se eu pudesse...)
Mas: é pra quem merece.

Percebe-se parte
De uma arte muito maior;
Vê que a beleza dos olhos
Por mais que apareça,
Nega a si mesma no quando:
É somente uma numa resma!