sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Convite a si mesmo

Vamos fazer silêncio
Dar chance ao coração
Transcender a razão
Rasgada de pormenores

Vamos fazer silêncio
Mas sem deixar de dizer
Aquilo que é preciso ouvir
Também da boca das flores

Vamos fazer silêncio
Tirar o chapéu para o tempo
Tirar da cartola um coelho
Que só tenha pressa de ser

Vamos fazer silêncio
Viver esta hora somente
Amor tecendo a semente
Em cada momento a vencer

sábado, 11 de agosto de 2012

Arranha-véu

O certo e o errado
Estão lá do outro lado,
Aqui em poesia
Não tem;

Pode ser tango na panela
Aquarela no tanque
Molho de tomate na vitrola.

Só não pode não ser;
Ora, porquê?
É preciso começar
de algum lugar

(Não se nivela
O que não há
Pra desvelar-se...)

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Deixei de viver...

Se eu não tive tempo
pra ser quem eu sou
Se passei em branco
meus dias de flor
Se pisei no asfalto
e não plantei rosas
Se falei alto
mas nunca pra mim

Se não perguntei
porque tudo é assim
Se não tirei prova
de um tempo ruim
Se estive na chuva
mas não pra molhar
Se foi como luva
ficar no lugar

Se não vi surpresa
em me acostumar
Se não vi beleza
em tudo que há
Ou numa tristeza
querendo ensinar
E sem hora marcada
não pude chegar

Se não foi de fato
nem nunca será
Só porque pensei
que era pra duvidar
Sem ver na criança
além da inocência
Um olhar que mostra
a essência do amar

Que nada mais é
que o próprio viver
Vivendo pra crer
e crendo pra ver
Que o sonho é verdade
e a mente se engana
E a gente se dana
Se pensa que sabe
ser da raça humana...

E não se fala mais nisso.

Se as coisas começam
a dar errado assim
sem mais nem menos
Só pode ser porque
tempo, lugar e circunstância
não estão em harmonia...

Eu e a vida
nem sempre
andamos de mãos dadas
Mas passamos juntos
por cada ferida
que o tempo em chuva
nos rasga

Seja fazendo
de um choro samba
ou de um contratempo raga
Ainda que o ritmo
perca a noção do perigo
e atravesse a estrada

Nada nos pára.

É a lua, é o céu
É o sol, é o mar
É o vento, é o chão
É o lar...
É o ser, é estar
É parar pra ver
Que é hora
de continuar

Sem medo de errar
porque fora de mão
já nem dá mais pra ficar;
Pior que isso
só mesmo aquilo
que nunca vai melhorar...

Mas é bela, a vida
Quem dera a saída
soubesse que
já estamos lá

Nesses feitos de encontro
que somos
Sem saber que vamos
pra de onde viemos

Nem tente apostar
duvidar ou menos-
prezar a palavra de Deus:

É certo que o ponto final
afinal
serve apenas
Pra começar.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Agosto pra tudo

Agosto não vem a gosto
Vem do dever
na exata medida
Por essas contradições
que a vida
Teima em gostar

Gasta-se a pele
O suor, a saliva
Gasta-se a água
e a gasolina
Ganha-se em troca
um beijo na boca
E o pão de cada dia

O peso do fardo
acaba com as costas
E aquele pão
no fim vira bosta
Fica difícil
fazer sentido
Mas pode apostar...

Ainda há quem goze.