sexta-feira, 30 de março de 2012

Chovo.

Não há nada em minha cabeça
que não se pareça com aquela nuvem
cinza;
Não há nada em minha sina terrena
Que não desfaleça em água.

Choro.

Choro aqui, ali e acolá;
Choro o pranto dos que perdem
por não esperar;
Chovem cinzas nesse falso carnaval.

A chuva, aliás,
Diz tudo não querendo dizer
nada...
Lilás, abençoa o vôo
De quem segue deixando seu rastro
Sem jamais olhar para trás.

Eu, porém,
Feito sal numa recém-aberta
Ferida qualquer da vida,
Tentando dizer tudo
Vou ficando
Cada vez mais mudo;
Não digo nada além de
Águas, mágoas:

Trago-as neste papel em branco,
Orando para que não tragam-me
Outros tantos
Verdes prantos, frutos
De meros desencontros.

terça-feira, 13 de março de 2012

Na toca do coelho

A altura do muro
A verdade.
Se eu soubesse
Me lembrasse
A cada passo
A prece exata

E não temesse
E não teimasse,
Procurasse
Vez em sempre
Um quê de tudo
Um laço em falso

Em tanto querer
E não querendo
Simplesmente
Me entregasse
Qual buquê
De novas hélices
E ali

Dali se fosse
Mais que uma viagem
De uma virgem
Alice;
O tamanho do furo
O espelho.

domingo, 11 de março de 2012

Coiso

coeso como a coisa
que tem peso
mas não pisa
saio ileso pela reza
e pelo jeito
minha pressa
não dá pé.

esqueço,
o que resta
é o movimento
quando o silêncio
não presta
e ando lento
até pra ver
o manifesto
em minha testa!

e tudo passa
e tal e coisa
e o que fica
além da foto
coisifi-
cando memórias
é só isso:
Teu amor e
coisa e Tao...

sexta-feira, 9 de março de 2012

Esboço de uma concretude a curto prazo

Taí:
Vou morrer para
o século passado
E virar-me do avesso
pelo meio.
Ou não?

Querendo fazer minha parte
À caótica arte urbana

Sub-nutrida de volições
Mecânicas,
Sub-humanas

Res-
piro mais fundo,
Tentando deixar de sentir
O cheiro cético e absurdo
Das i-
mundanidades.

É quase isso,
o que penso
que preciso - "quase", apenas porque

Não dispenso em palavras.