sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Calada

Tenho um monte de coisas pra dizer
Mas por hora é preciso calar.

Na calada do dia,
em sintonia solar com a Noite,
Respiro bem fundo
e sinto o Seu perfume,
Sublime, anunciando a alvorada
desse amor magistral.

Sim, é preciso calar.
Para saber o que dizer,
Para caber no pensar;
Para pôr as idéias e
os sentimentos no lugar

...

O ponto final não existe,
Mas pode ser uma perfeita
Alegoria de nossa relação.

Chegamos até aqui
Salvos, talvez
nem tão sãos assim,
mas enfim, chegamos.
E vamos em frente.

Abro os meus braços
Silenciosamente
ao presente que Deus
me enviou, com tanto
Amor...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Da natureza das flores

É precisa viver uma flor
por inteiro,
Se embriagar do paraíso
no seu néctar mais puro
Para em si vencer a sorte
de existir por mal ou bem
E caber na eternidade
do Momento


domingo, 21 de agosto de 2011

Provocação saudável

Será que é verdadeiro demais pra ser verdade
ou é simplesmente o que é?
Quem foi que nos fez tão covardes,
subnutridos e órfãos da Fé?

Memórias feito retalhos
Percorrem o denso
tecido das horas
Tornando-nos espantalhos
das inocências de sentir

E viver para sorrir
E sorrir para viver
E não se perguntar porque
já querendo saber

sábado, 20 de agosto de 2011

Rainman made a joke

Eu sou a chuva,
filha do Tempo, esse
jovem Senhor que tem
suas barbas de nuvem
negra, cinza e azul
como a cor do Amor;

Eu sou a vírgula,
a pequena pausa,
o hiato no ser
que se pauta
em gerúndios,
escrevendo torto
por linhas mortas,
retas demais;

Eu sou da Vida
uma simples faísca
no meio da chama
de tanto querer,
de tanto pensar
por tanto esquecer,
de querer lembrar
pra não ter que saber
e ter que aprender
a voltar ao amar
no crepúsculo ardente
de cada existência,
músculos parcos
ante os tentáculos
da noite escura;

Eu sou a personaficção
da cura.

Seja o Sol

A chuva vem me dar um beijo
Mas não pode aplacar esse desejo
Porque eu penso em você
Que você seja o Sol do meu dia






sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Hoje

Hoje eu me sinto mais eu
Hoje eu me sinto mais um
Hoje eu me sinto mais OM...

Hoje que eu me sinto azul
Hoje desminto meu blues
Hoje resgato-me a sóis

Hoje respiro-Lhe a voz
Hoje repito-me a vós
Hoje respeito-me, só.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Bela

Beba dessa voz
Na foz do meu silêncio
E tire esse seu lenço
da lapela

Porque ela vem trazendo
Uma paisagem tão singela
Que somente à luz de velas
vai-se vendo



Simple game?

Se empolguei-me
Uma vez mais
Por uma surpresa
Maravilhosa! dessas
Que só a vida faz,

Não me iludirei,
Não dessa vez;
Não é um mar de rosas,
E que seja: quanto espinho
Não há de aparecer!

No caminho que sigo,
suave, tem que ser;
Ou a nave fica logo
a ver navios.
(Outra vez?...)

Mas não posso, não quero
Pensar que é só um jogo;
Por mais fogo de palha
Que haja no castelo,
É tudo muito belo:
Muito elo pra não crer!

16/08/2011

Perfeição à vista...

Na sua feição
Na minha reação
No ar, tesão

Nas nossas mãos
Na confecção dos meus
e dos seus botões

Na nossa mente
Na minha frente
No seu nariz

Na nossa gente
Uma semente
A ser feliz ou não

A perfeição está em tudo,

Só não está no pouco caso
no futuro do pretérito ou
no mérito egoísta

(Preferes à vista
ou a prazo...?)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Gritando em silêncio

Quanto tempo a gente perde
Tentando se encontrar?
Quanto muro a gente ergue
Querendo se libertar?

Quanta vida pela frente,
Quantas flores pra cheirar!
Quanta lousa pra saber,
Quanta coisa pra se amar...

Comprando idéias,
Vendendo regras,
Deixando de chorar
Só pra esconder as rugas?

Assim não se vive,
Assim não se ama.
Assim não se cabe na alma!
- talvez numa cama
(como num coma espiritual...)

Sonâmbulos da própria existência,
Acordemos!
Chamemos uma ambulância, já:
Essa discrepância toda
Simplesmente
Não faz sentido.

domingo, 14 de agosto de 2011

Insoneto

O sono não vem agora,
Demora em mim seu convite;
Pousa do lado de fora
Do breu a imagem de Afrodite.

Descansa, mente, ignora
A luz que tanto te agride;
Deixa caber em ti a aurora
Que já sorri sem limites...

Não pensa nisso que queres,
Uma entre tantas mulheres;
Que a perfeição será nossa

União à palavra de Deus:
Virá, não importa que céus
Comportes nessa tua prosa!

(Julio de Mattos, madrugada de 15/08/2011)

Testemunha auricular

Queria fazer um poema
Apenas pro dia dos pais,
Mas não vem idéia
Assim como meu velho
Não veio...

Então, que me resta dizer,
Num domingo de Sol como este?
Que pai só tem Um!,
E se escreve com letra maiúscula:

O Pai que me entende
e me apóia;
O Pai que me estende
a Sua mão;
O Pai que jamais ignora
o meu samba-canção
(minha pobre oração...)

Feliz domingo, meu pai!
feliz dia dos filhos!
Feliz de quem vai
pelos trilhos
a Lhe auscultar

sábado, 13 de agosto de 2011

Por um triz

Ela não foi minha
por um triz.

Não porque não quis;
Eu é que não fiz
a minha parte.

Fui covarde, outra vez
Inconformável!

Transformando em arte
o Sol da noite,
Sobra do passado;

Sentado à sombra
de um final feliz...

Acompanhante

Um preço exorbitante
Pela madrugada:
A noite é teu semblante
E o dia, nada.

Acompanhante, meretriz:
Mera atriz disso que alguns
Chamam de amor;
Flor que exala
Os sonhos do homem-dor!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Desafio

Eu falo, falo e não me faço entender;
eu calo, calo e só preciso dizer;
eu ralo, ralo e ainda há tanto a fazer...

Eu erro, me arrependo
e repito o mesmo erro;
eu quero, me concentro
e quando tenho, me perco;
eu racho, acho pouco
fico louco, não me aguento!
eu nego, renego
e depois quero mais...

Não consigo entender
o que é que me trai,
porque tudo me atrai,
porque nada é demais.

Não consigo esquecer
nem me desapegar
do que me faz sofrer,
do que não vai voltar
e quem sabe,
nem era pra ser:

Amanhã vai nascer
outro Sol, vai passar
outro Som, vai cantar
outro Tom, vai caber
só a mim
não mais desafinar.

[09/08/2011 - 21h44]

No fundo, uma questão de fé

Depois que se paga de otário,
É preciso seguir adiante:
É preciso sair radiante
de dentro do armário;
É preciso sorrir o semblante
do cara que ganha o salário
em dia, e que ganha bem.

Mas é preciso ser assim
todo dia, faça ou
não faça Sol:



Ter o sorriso de quem
nem queria mas tem

Alegria pelo que é
(e vai sendo, simplesmente...)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Sob o céu e mais do mesmo

Auscultando a voz interior
Se percebe um vazio
Infinitamente pleno
De conhecimento
Em forma de amor.

Tentando preencher o vazio
Que é a própria essência
De "estar no mundo",
Percebemos nossa solidão
Em sua forma mais sólida.

"Nada de novo debaixo do Sol",
Apenas palavras, idéias,
Descobertas entre aspas.
A verdade não tem começo
Nem fim, e o meio
É a própria verdade:
Felicidade, enfim...

domingo, 7 de agosto de 2011

Estrada agora

Eu tô carente de calor humano!,
mas o meu plano é pra você também;
Tem gente grande entrando pelo cano
- e quem não tá careca de saber?

No telefone, diz que foi engano;
Na minha boca um dedo indicador.
Eu fico sempre em segundo plano
E não encontro meu primeiro amor...

Então me racho feito porcelana,
Juntando os cacos um de cada vez;
Ou então acho que é super bacana
Fazer poemas pra "desescrever"

Minhas errâncias por mares de lama,
Desesperanças contando até três:
Não vejo a hora de cair da cama
Só pra recomeçar tudo outra vez!

(Rosa Clara dos Santos, 07/08/2011)

Estrado afora

A chuva que cai no telhado,
A vida que vai melhorar...
Intacto o estrado da cama
Reclama de tanto esperar.

Você não entende o recado
Mas ainda pode me ajudar;
Agora que estou descansado
Sei por onde recomeçar:

Juntando meus cantos num só,
Num Sol que de Ré vai pra Lá;
Num sonho que vire do avesso
A tristeza do meu travesseiro.

Não fui o primeiro mas olha
Que este segundo é pra já:
A vida do amor passageiro
Morre em direção ao mar...

(Rosa Clara dos Santos, 23/10/2010)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

"Touché!"

Eu tive que descer
Lá embaixo
Para ver

Que o poço não tem fundo
E que nesse mundo cão,
Sofre muito mais quem traz
O rabo entre as pernas.

Às vezes é melhor
Deixar as rimas pra trás
E fazer das trevas coração;

Quando é tudo uma questão
de auto-estima,
Mais vale uma esgrima nos olhos
Que mil lágrimas na mão!