sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Afinal

(inspirado na leitura de
"Uma aprendizagem ou
O livro dos prazeres",
de Clarice Lispector)


Afinal,
não temo a vida.

Ainda
Que ela teime
Em me abraçar
Todos os dias
Com seus braços
De extrema solidão,
Só posso por ela
Cativar-me
E cultivar o meu amor.

Pois o medo e o temor,
Idênticos em si
Como o são
A vida e o amor,
A estes, enfim,
se opõem.

Ou seja:
O amor é o real
E o medo é só ilusão.
E viver só de ilusão
É morrer-se,
Esquecer-se do real,
Descaber-se de todo
Sem ao menos
Acabar-se de verdade
Ou ter algum final.

Afinal,
não tem saída.

Apenas
Perdoando-se a priori
É que se pode perdoar
Os outros e assim,
Deixar naturalmente
Que as águas do tempo
Corram sem pressa
e sem medo
Em direção ao Mar...

E a vida que se ama,
Que perdure
pelo tempo que dourar!

Nenhum comentário:

Postar um comentário