quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sem chão

Quê mesmo que eu ia dizer?
"Padeço, pareço, desapa..."
Ah! lembrei: já conheço;
Sim, isso é só o começo.

Meu berço é a morte
A sorte me azara
Me fará mais forte
Faraó de casa

Com asas e membros
Setembros a gosto
Soturnos dezembros
Outubros no bolso

Repouso em Saturno
Me acordo na Terra
Me berram acenos:
"É Vênus!" quem dera...

É só mais um mártir
Planeta distante
Amante das artes
De quem dissonante

Vai a toda parte
Rindo de janeiro
Fevereiro abriu
No passo das horas

Nas águas de março
Sob o céu anil
Dos ventos de maio
Desmaio sombrio

Mas logo apareço
Falando de amor
Faltando endereço
Pra tanto vetor

Chegando chegando
Cegando o meu ego
Me pego afirmando
E eu mesmo me nego

Mas será que era só isso
O que eu tinha pra dizer?
Se não me falha a memória,
Decerto me falta história.

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